Pela primeira vez no
Estado o assunto é foco de curso
Com 80 anos de atividades, a Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp) tem a Escola Paulista de Medicina e a Escola Paulista de Enfermagem na Capital, vários campi no Estado, e na última década entrou numa fase de
expansão que chegou a Embu das Artes.
Na cidade embuense, onde está sendo
construído mais um campus, a universidade avança junto com o município na
oferta de ensino e diversidade de cursos. No dia 11/4, os formandos do
primeiro módulo do Curso Saúde da População Negra
receberam seus certificados na Unidade
de Extensão do Campus de Embu das Artes da Unifesp, que funciona no Centro
Cultural Valdelice Prass, o Parque Pirajuçara. Na ocasião, a pró-reitora de
Extensão da Unifesp, Florianita Campos, garantiu a realização do segundo módulo
do curso e falou da parceria com os governos federal e de Embu das Artes.
“Não é à toa que está sendo
construído um campus nesta cidade. Temos uma inserção enorme de profissionais da
medicina, da enfermagem, da fono do campus da Vila Clementino, que tem mais de
40 anos que faz trabalho em Embu das Artes, que participou da criação e que
trabalha junto ao SUS. Hoje tem até assento no Conselho Municipal. Então é um
caso de amor, bem antigo”, disse. Segundo ela, a política de expansão
universitária, que veio com o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva e
Fernando Haddad, prefeito de São Paulo, quando ministro da Educação,
proporcionou expressivo aumento de vagas na escola pública e da própria
universidade.
“Eu
sou fruto da expansão na Baixada Santista. Essa reitoria que surgiu de
Guarulhos, Diadema, Baixada Santista, Osasco, hoje é uma reitoria que
representa a Unifesp nesse crescimento mais recente de seis anos”, declarou a
pró-reitora. Também lembrou que a universidade decidiu tomar algumas medidas
para continuar garantindo qualidade, como investir em planejamento, para evitar
que uma cidade tenha de esperar muito para ter um campus, a exemplo da Baixada,
onde a sede Unifesp levou seis anos para ser construída. Reconheceu o esforço
da administração Prefeito para solucionar a questão do Parque da Várzea,
onde a obra da Unifesp foi interditada pelo governo do Estado, depois de já
estar liberada para construção do Rodoanel. “Não são todas as prefeituras que
dão a atenção que Embu das Artes nos deu e a gente precisa dessa parceria”,
afirmou.
Promoção da igualdade
racial
Enquanto o campus é
construído, a Unifesp dará segmento aos trabalhos para fortificar sua
infraestrutura e continuará sua expansão na Unidade de Extensão do Campus na
cidade. O Curso Saúde da População Negra é um exemplo. É o primeiro realizado
no Estado e de extrema importância para a cidade, em que os negros representam
47% da população de 240 mil habitantes, segundo dados
da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). Florianita destacou que poucos municípios tratam das
diferenças que devem ser cuidadas para dar atenção à saúde da população negra.
As políticas públicas destinadas a essa camada da população, incluindo o curso,
têm base no Plano Municipal de Promoção da Igualdade Racial (Plampir), criado
em 2008 e em seguida aprimorado com a inclusão de acesso à justiça e segurança
pública.
“Essa extensão
universitária em Embu das Artes é de grande satisfação para nós, da Unifesp,
porque permite que todo mundo se aproprie da universidade, até do campus e isso
é muito importante”, disse Renato Nabas Ventura, coordenador
da unidade de extensão. A secretária de Saúde, Sandra Fihlie Barreiro, também
destacou o trabalho desenvolvido em parceria: “Temos muito o que comemorar.
Esse é um projeto grandioso. Saúde comporta várias ciências, mas, sem a
educação, não funciona. E funciona mais, quando numa parceria como esta, entre
Prefeitura e universidade que pode formar pessoas comprometidas com a saúde do
País”.
As
formandas Michele Faria, assistente social, Lindaci Galli e Valdete Maria Sete
Novendrini, pedagogas, concluíram o primeiro módulo e vão continuar. “Descobri
coisas que nem imaginava sobre a questão da saúde e sensibilidade da população
negra. Aprendi muito e quero continuar”, disse Michele. Elas frequentaram o
curso toda sexta-feira à noite e sábado durante todo o dia, por dez meses. A
data de início do segundo módulo está sendo definida, assim como os professores
do curso.
Compareceram
ainda ao evento Alda Rebelo, secretária adjunta de Educação; Regina Nogueira, coordenadora
de Saúde da População Negra, da Secretaria Municipal de Saúde; Marisa Araújo
Silva, coordenadora da Assessoria de Gênero e Raça, da Secretaria de
Assistência Social, Trabalho e Qualificação Profissional, de Embu das Artes,
entre outros.