Claudionor Assis Dias, Mestre Assis do Embu, foi um homem de muitas histórias. E foi para relembrá-las e homenagear o mestre – ele faria 76 anos – que os filhos e amigos do artista reuniram-se de 21 a 25 de março, durante a 1ª Semana Mestre Assis do Embu, no Restaurante Alvorada, em Embu das Artes. Na programação, muita música, como gostava Assis, um dos criadores da Feria de Embu das Artes, em 1969, ao lado de Solano Trindade, Sakai do Embu, entre outros.
Uma dessas histórias foi relatada na revista O Cruzeiro, edição de 3 de fevereiro de 1970. "Corria o ano de 1957. No Ibirapuera estava sendo montada a IV Bienal de São Paulo. Entre os pedreiros que trabalhavam na montagem das salas, carregando caixas, levantando paredes, havia um mineiro magro, crioulo. Um dia ele vinha carregando uma caixa e viu uma pessoa conhecida: Wolfgang Pfeifer, ex-diretor de Arte do Museu de Paris, que veio ao Brasil para dirigir o Museu de Arte Moderna de São Paulo. Pfeifer também viu o moço da caixa:
– Ué, Claudionor, que é que você está fazendo aí?
Claudionor Assis Dias, o Assis que já ganhara um prêmio de escultura em 1954, em exposição da qual Pfeifer era da comissão julgadora, explicou que estava ali trabalhando de pedreiro, precisava defender a comida .
– Mas isso não é trabalho pra você, rapaz.
E Assis foi encarregado de montar a sala de Segalli, a de Morandi e ainda ajudar na restauração da maquete de Brecheret, exposta na Bienal".
No painel de madeira acomodado no meio do salão, fotos com familiares, artista famosos, como Paulo Gracindo, amigo do artista, Natália Timberg, Milton Gonçalves, Gianfrancesco Guarnieri, e companheiros como Wanderley Ciuffi, presente à homenagem. "Era um grande artista, um grande amigo, tenho muita saudade dele, nós viajamos muito pelo país todo divulgando os artistas e o nome de Embu", disse Ciuffi, que preparou um retrato de Assis, desenho feito em grafite, presenteado aos filhos do amigo.
Foi no Barraco do Assis, localizado na rua Siqueira Campos, que o artista plástico começou a dar aulas de escultura em madeira, pedra e bronze na década de 70, transformando-o em um núcleo de produção de arte. Assim nasceu o Movimento Artístico de Embu, existente até hoje e que impulsiona a economia local, com as dezenas de lojas, antiqüários e galerias de arte. A Feira de Embu das Artes hoje possui cerca de 600 expositores e atrai milhares de turistas para a cidade.
Em 1964, Mestre Assis organizou, com a colaboração de Cirso Teixeira, Sakai, Azteca e Antenor Vaz, o primeiro Salão de Artes Plásticas de Embu, consolidando o núcleo artístico da cidade.
A abertura da 1ª Semana dedicada ao Mestre Assis do Embu foi prestigiada por Prefeito, secretário-chefe de Gabinete, representando o prefeito Prefeito, que participava da 49ª Reunião Geral da Frente Nacional de Prefeitos, em Recife; os vereadores Maria das Graças e Paixão; César Domiciano, diretor do Departamento de Cultura, artistas e artesãos da cidade.