Sons, ritmos e vozes de diferentes artistas sopraram forte no Centro Histórico de Embu das Artes no feriado de 20 de novembro. O grande show pelo Dia da Consciência Negra foi aberto pelo Naipe de Percussão comandado por Vítor da Trindade, neto do multicultural artista negro Solano Trindade. Dinho Nascimento e banda veio a seguir, mostrando composições de sua carreira, incluindo as do terceiro e mais recente CD, Ser-Hum-Mano. Para fechar a apresentação, o percussionista baiano que faz sucesso na Alemanha tocou um samba de roda e exaltou: “Viva Embu das Artes e da Cultura. Viva Solano Trindade”.
A Perseptom, banda vocal que dispensa instrumentos musicais, indicada para o Prêmio Tim 2007, cantou “à capella” um repertório variado, da MPB à black music. Os sete integrantes instrumentalizam as vozes numa performance que revela talento e ousadia.
Logo depois, o palco foi tomado pela força rítmica das mulheres da banda feminina de percussão Ilu Obá De Min. O bloco formado no Bixiga (São Paulo) cultua a arte e a cultura negra miscigenada à brasileira em composições próprias. Segundo a regente e diretora Adriana Aragão, o nome faz referência a um tambor grande tocado pelas próprias mãos ao rei Xangô. Composto atualmente por mais de 50 mulheres e um corpo de baile que inclui apenas um homem, o grupo apresentou os ritmos das cantigas dos Orixás.
Encerrando o evento, Z’África Brasil formado pelos rappers Gaspar, Pitchô, Funk Buia e DJ Tano, e os ZafricanoZ Téo Werneck, Mano Bapi e Érico Teobaldo cantou“o que está no DNA da banda”, como disse Gaspar, músico criado na periferia de Embu. O show trouxe a mistura de ritmos que identificam o grupo e está por exemplo nos trabalhos de 2007, “Tem Cor Age” e no CD gravado na França “Verdade e Traumatismo”: samba, forró, MPB, capoeira, maracatu e algo mais. Tem elementos do “repente brasileiro, do rap jamaicano e brasileiro”, diz Buia e Pitchô conclui: o Z’África Brasil e os ZafricanoZ refletem o “índio, o preto, o pobre, a luta dos povos oprimidos”.
No público, a produtora de moda Renata Rosa era embalada pelo som. Vinda de Limeira e morando há três meses no Embu, Renata conta que faz capoeira no Teatro Popular Solano Trindade e procura engajar-se no movimento artístico-cultural da cidade. “Sentia falta dessa mistura. Isso é muito bom”, afirma.
O evento realizado pela Prefeitura de Embu com a participação da Assessoria Municipal de Promoção da Igualdade de Gênero e Raça mostrou para o público a exaltação da cultura. Para Luiz Carlos Furtado, morador da cidade há 10 anos, é preciso “resgatar o lado cultural de Embu. Embu não é só a feira e esse evento é bom para a cidade, para a cidadania”, avalia.