Aberta a 8ª Semana do Meio Ambiente

02/06/2009 - 0:00
Aberta a 8ª Semana do Meio Ambiente
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Prefeito Prefeito propõe criar uma feira permanente de produtos orgânicos no Parque Rizzo e afirma que uma PPP ampliará a coleta seletiva em Embu para 100% em 2010

Há que se respirar
Pensar com calma
Quando se ouve dizer
Que o produto Tem alma
Produto Tem sangue
Num instante o pensamento voa
E descobrimos que cada produto Tem a sua história

Amauri Adolfo, agricultor da Zona da Mata Mineira

Fechadas em seu ‘feudo’ urbano, por opção ou necessidade, talvez muitas pessoas não percebam, mas o verde tem cheiro e cor de vida. E como é bom sentir o cheiro da vida, tocá-la, apreciá-la, se nutrir dela, fisicamente, e fazer do bem-estar orgânico um estado de contentamento e paz d’alma. Quem esteve no Parque do Lago Francisco Rizzo no ensolarado domingo do último dia de maio viveu esses prazeres, tão simples quanto profundos. Privilegiadas, essas pessoas apreciaram, junto à beleza do lugar, a exposição de produtos e técnicas sustentáveis. O evento marcou a abertura da 8ª Semana do Meio Ambiente de Embu das Artes que até o próximo sábado, 6 de junho, convida o público a discutir “Preservação e Desenvolvimento: refletir, praticar, transformar”, tema deste ano.

Entre o público, o prefeito Prefeito e sua esposa, a jornalista Mariângela Graciano, passeavam pelas tendas, conheciam em detalhes o resultado do trabalho de agricultores, artistas e técnicos lá reunidos e aproveitavam para comprar produtos sustentáveis. Com seu apurado senso de gestor público, o prefeito observou diferentes práticas de sustentabilidade, preservação e respeito ao meio ambiente, planejando ações que vão refletir na melhoria da qualidade de vida da população de Embu das Artes. De antemão, Prefeito afirmou que uma Parceria Público-Privada (PPP) levará a coleta seletiva para 100% do município em 2010.

Prefeito e Mariângela aproveitaram a oportunidade para ver práticas de agricultura urbana desenvolvidas pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMA) no Parque Rizzo: os canteiros da horta comunitária, o filtro biológico (que recapta a água “cinza”, com detergente, por exemplo e a reutiliza na irrigação de solo), amostras de hortas verticais e telhados verdes.

Feira orgânica permanente

Apenas a primeira de uma da série de atrações desta semana em que, mais do que celebrar, o mundo deve refletir sobre o Dia Mundial do Meio Ambiente, em 5 de junho (veja aqui a programação), a exposição de produtos orgânicos e sustentáveis deve se tornar uma feira semanal permanente.  O prefeito de Embu das Artes afirmou que planeja “reservar recurso municipal e criar uma feira permanente de produtos orgânicos, todos os domingos, para comercialização e apoio aos produtores em potencial e aos já existentes”.

Nelson Francisco de Souza, 54 anos, casado e pai de três filhos, participa das hortas comunitárias no Parque Rizzo há seis meses. Desempregado desde 2000, depois de três enfartes e duas angioplastias esse motorista morador do Jardim São Marcos há 48 anos está plantando, além de sementes, lições que ele fará com que floresçam no terreno de sua casa e, principalmente, do seu sítio de cinco alqueires (120 mil m²) em Juquiá (SP). “Pretendo fazer uma plantação orgânica e uma agrofloresta e não quero que seja de modo inadequado. Por isso quero aplicar tudo o que estou aprendendo”, afirma. As principais lições, segundo ele, foram como fazer um canteiro instantâneo, a montagem da composteira (onde se processa o material orgânico para transformá-lo em adubo), e como prepará-la. Ele ressalta que seu sítio “já é produtivo, mas está abandonado”. Sabiamente, seu Nelson defende que a renda adquirida com os produtos vendidos na feira seja aplicada na própria horta comunitária “porque se do pouco que tem a gente retira tudo e não se educar, colhe um pé de alface e quer comer três”.

Arte e tecnologia sustentável

Mais que um lema, o conceito de que “nada se perde, tudo se transforma” parece ser um princípio de vida para os expositores da feira sustentável. Verduras e temperos orgânicos, caixinhas de longa vida transformadas em embalagens de presente e compostos orgânicos estavam expostos na tenda do Projeto Colhendo Sustentabilidade.

A tecnologia simples e barata empregada pela ONG Sociedade do Sol chamou a atenção do prefeito de Embu. Fundada por pesquisadores do CIETEC / IPEN USP, a organização criou o Aquecedor Solar de Baixo Custo (ASBC), que “reduz em cerca de 80% o consumo de energia do chuveiro elétrico”. A ONG atua ainda na implantação de sistemas de utilização de água da chuva, entre outros. Prefeito disse ao secretário de Meio Ambiente, João Ramos, que quer articular também com as secretarias de Desenvolvimento Urbano e a Pró-Habitação a implantação desses sistemas nas moradias já entregues pela companhia habitacional do município, para reduzir as contas de luz e água dessas famílias de baixa renda.

Pequenas máscaras feitas com caroço de manga, acessórios e bijuterias de retalhos e filtros de café. Tudo pode se transformar em arte é o que mostrou a hábil artesã embuense Lindáurea Sá Freitas na tenda de Reaproveitamento de Tecidos onde ela expôs a arte da sua marca Sagaretê, mistura do grego “saga” (lenda, que lembra Sagarana de Guimarães Rosa), e o termo indu “arete” (virtude). “É indígena?” Ela se surpreende com a minha indagação sobre a origem da palavra, e explica feliz: “Parece japonês, índio, e é ótimo porque ‘sagaretê’ – lenda da virtude – envolve honestidade, sinceridade, é universal e é o que o mundo precisa”.

O artesanato reciclável também estava nas criações da Arte em Jornal, de Itapevi, da Eco Respect, de São Paulo – em obras feitas de garrafas pet e componentes de computadores sucateados, e nas Pinturas da Natureza em sacolas de tecido.

A Cooperativa de Costura da Incubadora de Cooperativas de Embu comercializou sacolas de algodão cru e outros tecidos que substituem as sacolas plásticas convencionais. A embuense Associação Acorde – Oficinas para Desenvolvimento Humano trouxe bolos. Na tenda da Sementes de Paz, Cooperativa de Logística e Distribuição de Alimentos e Produtos Ecológicos e Solidários, estavam à venda grãos (arroz e trigo integrais), sementes de linhaça, méis, frutas e outros itens orgânicos. A rede formada por 15 núcleos tem um deles na Sociedade Ecológica Amigos de Embu.

E foi assim, entre cheiros, sabores, artesanato, planos de políticas públicas e práticas sustentáveis que Embu das Artes lançou novamente as sementes para que as pessoas atentem que “há que se respirar, pensar com calma” e entender “que o produto tem sangue, tem alma”, e o meio ambiente, exige respeito.

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