Embu discute o fazer artesanal e artístico

06/12/2007 - 0:00
Embu discute o fazer artesanal e artístico
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Uma colcha de crochê que com inúmeras bolinhas vira obra de arte, uma toalhinha em tricô de cinco agulhas que é uma mandala perfeita, o pano de prato com bordadinho do tempo da vovó que revela a identidade cultural da comunidade ou uma toalhinha bordada a mão, totalmente diferente daquele trabalho feito em série por máquinas computadorizadas, onde uma pessoa toma conta de 10 máquinas que bordam automaticamente. Estes foram alguns dos exemplos lembrados por Toninho Macedo, diretor artístico da Abaçai Cultura e Arte do Programa Revelando São Paulo aos expositores da Feira de Embu das Artes, durante a segunda etapa do seminário Embu: Arte e Artesanato, Caminhos da Identidade e da Excelência – Reencantamento do Olhar.

“São exemplos simples de como deve e não deve ser uma feira de arte e artesanato. O que diferencia um trabalho do outro é o encantamento que se coloca no fazer artesanal e artístico” frisou Toninho, lembrando que também é este encantamento, essa paixão no fazer, que leva ao reconhecimento e ao ganho financeiro. Ele citou o caso da artesã Neide Palumbo, uma professora aposentada que faz bonequinhas de pano e viaja todo ano de transatlântico.

Segundo ele, quem viaja quer levar algo marcante como lembrança de sua viajem, por isso é tão importante “encantar o outro com o meu trabalho”. E isso só pode ser feito quando o artesão ou artista pega um elemento identitário da sua cultura e o utiliza para a criação. “Meu sonho é conseguir reencantar o Embu das Artes e todo o cinturão jesuítico mas para isso o Embu precisa se enxergar”, disse, lembrando que esse exercício pode “provocar dor mas, como em nossa vida particular, em muitos momentos precisamos recuar para avançar”.

Walter Rocha, secretário de Turismo, disse que o intuito do seminário “é justamente recuperar os valores do encantamento da Feira de Embu das Artes”, começando pela proposta de “termos produtos na feira que sejam feitos somente pelos artistas e artesãos, com o talento e o saber fazer unidos às raízes culturais de cada um, que nos permitirá caminharmos para a grande festa que resgatará nossa proposta histórica”.

Opinião compartilhada por Renan Novais, ouvidor da Superintendência do Trabalho Artesanal nas Comunidades (Sutaco), com quem a Prefeitura da Estância Turística de Embu tem convênio. Todo artesão residente no município que deseja associar-se ou renovar sua carteita de sócio poderá se dirigir ao Centro de Atendimento ao Turista (CAT), às segundas-feiras, das 9 às 12h. Deverá apresentar documentos originais com xerox: RG, CPF e uma foto 2×2 recente. Também deverá apresentar o produto que deseja cadastrar em três etapas: um produto iniciado, o mesmo em fase intermediária e terminar o mesmo perante os agentes de colaboração no CAT. Se houver necessidade de visita ao ateliê do artesão, ela será agendada previamente.

“Toda feira tem de manter esse olhar diferenciado sobre o mundo, como a tradição religiosa contada no casario feito com esmero por ceramistas e escultores”, acrescenta Renan. “No fazer artístico, quanto mais qualidade, mais fácil o produto ganhará o mercado, principalmente se o artista ou artesão retratar os ícones que contém essa história cultural com esmero”, ressalta Renan Novais.

Artistas da velha guarda, como Luzia Caetano, Tônia do Embu e Luiz Lucho, e da nova safra de novas expositores, como Lindáurea, deram seus depoimentos sobre o movimento artístico que culminou com a criação de Feira de Embu das Artes, declararam seu amor à cidade e aplaudiram a aproximação entre poder público e expositores, através de seminários e eventos para divulgar a eleição do Conselho Gestor da Feira, que será no dia 9 de dezembro, e que possibilitam a participação de artesãos e artistas na discussão e encaminhamentos de soluções para problemas que envolvem o setor turístico. “Estamos inaugurando um novo ciclo na retomada da história do município e todos estão sendo convidados a participar como parceiros, não dá mais para ficar só reclamando, vamos construir juntos”, ressaltou Joselício Freitas dos Santos, secretário-adjunto de Turismo. “Esse processo de reencantamento já começou e isso tem de ser feito não só pela competência mas pela paixão”, concluiu Prefeito, chefe de Gabinete.

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