Encontro de Bem-estar: Lugar de mulher é onde ela quiser

29/03/2016 - 0:00
Encontro de Bem-estar: Lugar de mulher é onde ela quiser
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Sob o slogan Lugar de mulher é onde ela quiser, o Centro de Convivência Conviver, por meio do seu Conselho Gestor e parceria com o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), realizou na segunda-feira, 28/3, no Parque do Lago Francisco Rizzo, mais um Encontro de Bem-estar. O momento foi uma oportunidade de discutir importantes temas sobre direitos sociais: sexualidade, racismo e feminismo.

Maria dos Reis Silva, psicóloga da rede de saúde de Embu das Artes, falou sobre os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, com base no contexto histórico (Constituição das Nações Unidas, Proclamação dos Direitos Humanos) e exemplificando com situações do cotidiano. “Antigamente, como forma de garantir a paternidade, a mulher era reprimida sexualmente, sendo praticamente obrigada a fazer sexo apenas com um parceiro. Hoje, com o avanço da tecnologia e a chegada do exame de ultrassom, muita coisa mudou” – disse.

A estudante Sofia Vieira, de 15 anos, moradora do Jardim Santa Tereza, integrante do Coletivo Feminista Lobas-Guará da ETEC Guaracy Silveira, bissexual declarada, encontrava dificuldade em discutir, na escola particular em que estudava, as formas de violência sofrida pelas mulheres, inclusive por ela. Por isso, montou um coletivo com as amigas, na nova escola, para tratar de temas como assédio sexual, já que o assunto era recorrente nas rodas de conversa. “A luta não é por direitos iguais. Há coisas distintas” – falou Sofia sobre a medida de segurança que garante que a mulher pode descer do ônibus fora do ponto depois das 22h, e que muitos homens ainda enxergam isso com um benefício. “Apesar da luta, nossa voz ainda é silenciada.” – finalizou.

Marcela Darido, estudante de Educação Física na USP, abordou preconceitos e estigmas das mulheres, especialmente das negras. Marcela ressaltou a importância da desconstrução de conceitos, como o dom da maternidade, da mulher ter que saber cozinhar, de ainda ser vista como propriedade do homem e também da sexualização da mulher negra. “Ou somos a globeleza ou tia gorda do Sítio do Picapau Amarelo”.   

Ela fez questão de lembrar que o Brasil é o país que mais recebeu escravos no mundo e é o que mais tem empregadas domésticas. “Na USP, eu não tenho nenhum professor negro, mas as meninas que limpam o banheiro são todas negras. Existem mais mulheres negras encarceradas que brancas, as negras recebem quantidade menor de anestesia na hora do parto, ou nem recebem, por ser consideradas fortes”.   

Edmar, usuário do Conviver e do Caps, após ouvir os relatos, disse sentir-se envergonhado de ser homem. “Minha mulher trabalha e faz faculdade. Eu cuido da casa e das crianças. Passei a valorizar mais e a compreender a mulher. Cuidar de uma casa não é fácil. Ao invés de ir ao cinema, mais pessoas poderiam estar aqui participando desse importante espaço de discussão”.

O encontro foi acompanhado por Maria Carolina Pacheco (gerente do Conviver), Paula Bax (terapeuta ocupacional), conselheiras do Conviver, psicólogas e o público em geral. Para ficar por dentro das atividades, acesse o Facebook do Conviver

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