Homenagem a Sakai reúne artistas no Memorial

14/01/2015 - 0:00
Homenagem a Sakai reúne artistas no Memorial
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Ele era um mestre na arte da terracota, mas o trabalho desenvolvido em Embu das Artes, juntamente com sua mulher, Susuki, foi além. Contribuiu para a formação de seus alunos,  profissional e pessoal, colaborou para preservar a memória da cidade, divulgou a arte e o artesanato embuenses dentro e fora do município e, para salvar a riqueza artística em que acreditava, investiu no grupo do Mineiro-pau com o próprio dinheiro e resgatou a Festa de Santa Cruz, um dos principais eventos da cidade.

Tadakyio Sakai foi lembrado, nos seus 101 anos de nascimento, em evento no Memorial Sakai, em 5/1. “Ele era um mestre. Falava sobre a vida, o ser humano e educava a gente. Ele nos levava para a abertura de uma exposição em São Paulo, por exemplo, e dizia: ‘No coquetel, vai passar uma bandeja. Peguem um salgadinho, um copo de suco e bebam devagar. Sentem-se direito, dizia’. Dona Susuki, a mulher dele, aprendeu corte de costura para fazer vestidos para a gente. Isso são coisas de um mestre, não só de um professor”.

A declaração da terracotista e coordenadora do Memorial Sakai, Tônia do Embu, é endossada pela artista Rita do Embu, outra discípula: “Sakai é especial na minha vida. Era da família. Pessoa adiantada para a época dele. Para mim era o mestre. Tinha sabedoria, apesar de ter saído muito jovem do Japão. O que sou devo muito a ele; o gosto pela arte, a maneira de ser”.

Folia de reis e rezadeiras

A homenagem a Sakai foi aberta com a chegada da Folia de Reis do Jardim Marajoara, do mestre Nilton. Compareceram adoradoras de Santa Cruz, rezadeiras do Cercado Grande, alunos do curso de cerâmica, vizinhança do Memorial, adultos e crianças, a secretária de Saúde de Taboão da Serra, Raquel Zaicaner, a artista plástica Raquel Galena e seu marido, Sérgio Carvalho, outros artistas e artesãos, além do secretário de Cultura, Alan Ricardo Martins Leão, que lembrou a contribuição de Sakai para a cidade.

Para Vitor Trindade, que compareceu com sua esposa, Elis, Embu das Artes tem suporte em um triângulo formado por Sakai (5/1/1914-2/5/1981), Assis do Embu (1931/2006) e seu avô, Solano Trindade (1908/1974). Contou que tem vagas lembranças, mas que o que sempre ouviu da mãe, Raquel Trindade, fazem-no acreditar que, sem os três artistas, Embu não seria das Artes. Segundo ele, Assis fazia esculturas com temas não afro.  Sakai mandou que procurasse Solano, que já participava do movimento negro desde 1936. Solano, que vivia na Baixada Fluminense, veio conhecer Embu e ficou, formando o trio.

“Sakai assumiu a brasilidade e o trabalho em barro foi retratando o Brasil”, disse Renato Gonda. “A cada ano vale a pena este encontro, pois o dia é a confirmação da presença da arte que Sakai trouxe para a cidade”, declarou Gérson Correra.  A artesã e bailarina Patrícia Gonzales Fernandes afirmou que outro legado de Sakai é a “energia da união” que ele deixou: “Fico impressionada com isso, com a união dessas pessoas que conviveram com ele”.

 Todos enfatizaram a importância de artistas como Sakai, Cássio M’Boy, Solano, Assis, Mestre Gama e tantos outros, no caminho traçado, mesmo antes do advento da Feira de Embu das Artes, hoje com 700 expositores, para chegar ao ponto de a cidade ficar conhecida como centro de cultura, com foco nas artes plásticas e no artesanato, o que levou à inclusão de “das Artes” no nome, no plebiscito ocorrido em 2011, por iniciativa do governo Prefeito.

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