O rei Oba Al-Maroof Adekunle Magbagbeola (ou rei Obaulufon Mababeolá), Olumoyero II, rei de Ifon–Osun, da Nigéria, chegou ao Brasil no sábado, 15/11, para uma permanência de 11 dias, tempo em que visitará e participará de atividades em diversas cidades, incluindo Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e outros municípios paulistas. Ele veio acompanhado da esposa, Olori Adebola, e foi recepcionado no Aeroporto de Guarulhos por membros da comunidade de axé e os secretários municipais Valdir Luiz Barbosa (Turismo), Alan Leão (Cultura) e Paulo Vicente (Educação) da Prefeitura da Estância Turística de Embu das Artes, cidade em que ficará hospedado enquanto estiver no País.
A chegada do rei Mababeolá é oportuna, já que estará em solo brasileiro no Dia da Consciência Negra (20/11) e no Mês da Consciência Negra em Embu das Artes. A cidade, que recentemente criou o Conselho Municipal de Igualdade Racial (Compir) e o Conselho dos Povos Tradicionais de Matriz Africana, este constituído somente pela sociedade civil, promoverá debates sobre questões importantes para os Povos Tradicionais de Matriz Africana, que contará com participação das diversas comunidades de Embu das Artes e região.
Oba Al-Maroof Adekunle Magbagbeola é considerado a presença de Oxalá na terra. De acordo com o comitê de recepção do rei, a sua visita ao Brasil tem como principal objetivo a reaproximação do Povo Tradicional de Matriz Africana, em especial o iorubá, de suas origens nigerianas. “A visita do rei é um momento histórico para os Povos de Matriz Africana, pois visa estabelecer um tempo sem preconceitos, além de reconhecer esses povos a partir do fortalecimento e consolidação dos princípios civilizatórios africanos frente aos conflitos que colocam a civilização negra em vulnerabilidade social e alimentar.”
Na sua chegada, o rei Mababeolá declarou-se confiante nas relações entre Ifon e Embu das Artes, que com a sua visita se tornam cidades-irmãs. Sua presença tem significado especial, dentro da sua proposta de lutar pela “garantia da vida” do Povo Tradicional de Matriz Africana em cada país no mundo. “Vida que – segundo ele – deve ser mantida através da preservação da terra, da água, do ar, da folha e do ser humano e de uma alimentação saudável, nutritiva e com o único motivo de manter a vida”. Isso inclui o direito à liberdade de os Povos Tradicionais usarem a sua vestimenta, falarem seu idioma nos países africanos ou no Brasil, de manterem o equilíbrio com o sagrado e assim por diante.
Protocolo e intenções entre cidades
“O rei tem uma programação vasta, tanto no campo do sagrado, quanto no diplomático. E é uma oportunidade para o estabelecimento de contatos na área da cultura, do conhecimento e até relações comerciais naquilo que existe de possibilidade nos municípios”, declarou o secretário Valdir Barbosa, com relação às expectativas da visita do rei e de Embu das Artes tornar-se cidade-irmã de Ifon. Um protocolo deverá ser elaborado pelo Governo de Embu das Artes e assinado no encontro entre o prefeito Prefeito e o rei Mababeolá.
“Podemos fazer um termo de cooperação, prevendo troca de experiências e até envolvendo parcerias nas áreas comerciais. Isso depende muito do protocolo que vamos ter de costurar enquanto ele estiver aqui. Na cidade temos uma política municipal desenvolvida por meio da Assessoria de Promoção da Igualdade de Gênero e Raça, que também gera uma discussão da cultura dos povos e que pode ser objeto desse estudo, dessa cooperação entre os dois municípios.”
“É muito importante a presença do rei porque ele representa a divindade Oxalá, o Grande Pai, na terra. Ele não é apenas uma autoridade civil, mas é uma autoridade sagrada. Esse é o motivo porque para nós é tão importante”, declarou Pai Leo, representante dos Povos Tradicionais. No domingo, o rei visitou o Centro Histórico de Embu das Artes, acompanhado de representantes do axé.
Acompanhe a programa da visita do rei no site www.visitadorei.com